domingo, 28 de outubro de 2012

Boca de Cena é destaque no FETO 2012

Foto: Anaís Della Croce
Voltamos para casa com as malas cheias de alegria, aprendizado, amigos e teatro, muito teatro! O FETO - Festival Estudantil de Teatro foi uma experiência riquíssima, recheada de belos encontros. O Espetáculo O Prato Azul-Pombinho apresentado na Funarte/MG no dia 12 de outubro, obteve ótima recepção do público e da Comissão Artística, composta por Ana Fabrício, Vera Lúcia Bertoni, Juliana Barreto e Gláucia Vandeveld que apontou os seguintes destaques para o Grupo: Pesquisa Cênica, Processo de Criação e Encenação. Viva!!! Além disso, recebemos uma resenha sensível e cuidadosa do pesquisador Reginaldo Santos (segue abaixo). Terminamos mais este Prato com gostinho de quero mais! Que venham os próximos!!! Evoé Baco, Evoé Boca! Um grande abraço, Luísa Bahia.

Foto: Daniel Protzner

Resenha do Espetáculo O Prato Azul-Pombinho 
Reginaldo Santos

Realizado pelo Grupo de Teatro Boca de Cena, O Prato Azul-Pombinho, inspirado no poema homônimo de Cora Coralina, narra o cruel costume da região de Goiás, de castigar as crianças que quebravam uma louça, amarrando os cacos em seus pequenos pescoços. A narrativa conduzida pelos quatro integrantes do grupo nos faz rememorar histórias antigas que nos contavam nossas avós. A presença forte do narrador pode trazer uma aproximação com a contação de histórias, porém a
narração vem acompanhada de elementos teatrais muito bem utilizados pelo grupo. A começar pelo imaginário poético – característico da obra de Cora – que parece ter inspirado a criação das imagens cênicas, onde a narrativa se debruça e é conduzida de maneira precisa. As imagens criadas parecem revelar, ao mesmo tempo, os personagens estampados no prato (que retrata uma lenda oriental) e os contidos no poema da autora. Isso possibilita o jogo cênico dos atores e nos faz refletir sobre o processo de criação das cenas. A experiência vivida pelos integrantes do grupo deve ter sido no mínimo, divertida e prazerosa, temos a impressão que o processo foi conduzido de maneira coletiva, onde a liberdade criativa esteve presente. A noção de personagem se perde em meio a tantas figuras, mas as figuras revelam inúmeras personas. Além disso, as imagens possibilitaram aos atores a experimentação de timbres e sonoridades que compuseram a cena e ajudaram na fruição do texto. O tecido branco, um dos poucos objetos utilizados, se transformou de forma criativa e imagética em cobertor, roupa, corda, forca, etc. A luz foi utilizada de forma simples, mas eficaz. A impressão que ficamos é que o processo foi realmente vivenciado pelo grupo, foram tocados pela experiência do teatro, acreditaram no universo simbólico da construção cênica.

Foto: Naty Rodrigues